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AFFONSO BLACHEYRE

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 AFFONSO BLACHEYRE Algumas palavras antes do prefacio. Conheci o escritor e tradutor Affonso Blacheyre no final dos anos 80 e início dos 90. Foi me apresentado como o tradutor para inglês dos livros da editora na qual eu era gerente. Eu estava no meu gabinete e o diretor da editora me disse quem era esse homem de barba e cabelos brancos. Não sabia eu que se iniciava uma nova etapa da minha vida, onde encontraria um igual para dialogar, debater e ponderar sobre o mundo e o universo. O diretor saiu de cena e Affonso ficou de pé na frente da minha mesa e então disse: –Quero que saiba que eu sou um gênio. –Que bom! – respondi – Agora somos dois! Se iniciava uma amizade que compartilharíamos por sete anos de cartas, visitas, telefonemas, livros, comentários, debates, e muito respeito. Não havia limites para nossos assuntos sobre história, filosofia, política, família e livros. Sete anos para ter um irmão foi muito pouco. Ainda hoje, após 25 anos do seu falecimento, sinto que nossas conversa

A Ultima Pergunta

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A Ultima Pergunta. Por Mestre Isaac Asimov A última pergunta foi feita pela primeira vez, meio que de brincadeira, no dia 21 de maio de 2061, quando a humanidade dava seus primeiros passos em direção à luz. A questão nasceu como resultado de uma aposta de cinco dólares movida a álcool, e aconteceu da seguinte forma. Alexander Adell e Bertram Lupov eram dois dos fiéis assistentes de Multivac.  Eles conheciam melhor do que qualquer outro ser humano o que se passava por trás das milhas e milhas da carcaça luminosa, fria e ruidosa daquele gigantesco computador. Ainda assim, os dois homens tinham apenas uma vaga noção do plano geral de circuitos que há muito haviam crescido além do ponto em que um humano solitário poderia sequer tentar entender. Multivac ajustava-se e corrigia-se sozinho. E assim tinha de ser, pois nenhum ser humano poderia fazê-lo com velocidade suficiente, e tampouco da forma adequada. Deste modo, Adell e Lupov operavam o gigante apenas sutil e su

A ESTRELA - Arthur C. Clarke

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Estamos a 3.000 anos-luz do Vaticano. Arthur C. Clarke 1917-2008 Um dia, acreditei que o espaço não tinha poderes sobre a fé, assim como acreditava que os céus proclamariam a glória da obra de deus. Agora, já vi essa obra e minha fé se encontra seriamente abalada. Olho para o crucifixo, suspenso na parede da cabine, acima do computador Mark VI, e pela primeira vez em minha vida me pergunto se não será um símbolo vazio. Ainda não contei a ninguém, mas a verdade não pode ser escondida. Os fatos estão lá para todos lerem, registrados em quilômetros sem conta de fita magnética e nos milhares de fotografias que transportamos de volta à terra. Outros cientistas poderão interpretá-las tão facilmente quanto eu, e não serei eu quem vai compactuar em ocultar a verdade, fato quase sempre responsável pela má fama da nossa ordem nos velhos dias. A tripulação já se encontra suficientemente deprimida e não sei como eles aceitarão esta ironia final. Poucos dentre eles possuem qu